CPI diz que TJAM não sabe onde está processo de pedofilia contra Adail.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Câmara dos Deputados, cobra do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), a localização de um processo de pedofilia envolvendo o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP). De acordo com a deputada federal Liliam Sá (PROS-RJ), que é a relatora da CPI, existe a suspeita de que os autos da ação, baseada em denúncias formalizadas em 2009, tenham desaparecido. Adail é suspeito de chefiar uma rede de pedofilia no Amazonas.

Segundo Liliam Sá, em 2009, o então presidente da comissão, o senador Magno Malta (PR-ES) encaminhou o relatório com a denúncia ao Ministério Público do Amazonas. Após quatro anos do procedimento, a CPI voltou ao Amazonas em setembro do ano passado e procurou o processo de pedofilia, que, segundo a parlamentar, não foi encontrado.

A deputada informou que o TJAM ficou de mandar uma resposta se há um processo de pedofilia contra Adail Pinheiro tramitando na Justiça do Amazonas. "Procuramos o processo sobre pedofilia e não encontramos nada. Esse processo sumiu ou não deram entrada. O senador Magno Malta entregou o relatório ao Ministério Público. A comissão pediu também informações sobre os processos de sonegação de impostos, corrupção de menores, improbidade administrativa, mas até o momento o Poder Judiciário amazonense ainda não encaminhou os dados", afirmou a parlamentar.


Adail Pinheiro responde a 70 processos por sonegação de impostos, corrupção de menores, improbidade administrativa, incentivo à rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. O processo de exploração sexual de crianças e adolescentes, que foi gerado a partir de gravações interceptadas, na operação Vorax, da Polícia Federal também tramita no judiciário amazonense. Entretanto, a CPI constatou que o processo estava parado.

"A Justiça do Amazonas levou quatro anos para indicar um relator, o desembargador Rafael Romano. Acho muito estranho que um dia antes da CPI chegar ao Amazonas, foi designado um relator e a distribuição do processo de exploração sexual do Adail, que já tramitava há quatro anos. Esperaram ele [Adail] ganhar a eleição para prefeito de Coari e nada aconteceu. O próprio presidente do TJAM, desembargador Ari Moutinho, chamou a atenção dos servidores e disse que passaria as informações a CPI, mas até agora nada. Imagino eu que ele fez um teatro", afirmou Liliam Sá.

A relatora e a deputada Érika Kokay (PT-DF), presidente da CPI, protocolaram um requerimento pedindo a federalização de todos os processos de Adail Pinheiro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no dia 19 de dezembro de 2013.

O pedido foi enviado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros. Até sexta-feira (24), o CNJ não havia encaminhado posicionamento sobre a solicitação. "Achamos que desta forma não haveria interferência e contaminação desses processos no judiciário do Amazonas", enfatizou Liliam Sá.

Operação
Em 2008, Adail Pinheiro foi preso durante a Operação Vorax por suspeita de desviar mais de R$ 40 milhões da Prefeitura de Coari. Ele chegou há passar 63 dias preso. Mesmo após o esquema ser descoberto e com o retorno de Adail para o executivo do município no ano passado, servidores citados na operação da Polícia Federal continuam trabalhando na prefeitura da cidade, segundo a relatora da CPI.

"A operação Vorax mostrou que Adail utilizava recursos do erário municipal, tinha sequestrado uma menina com uso de arma de fogo, e isso foi comprovado. Manoel Adail seduziu uma criança de nove anos. Enquanto a mãe da vítima cozinhava, ele manipulou as partes íntimas da menina. Adail comprava virgindade das meninas com menos de 14 anos para se satisfazer. Ele é um doente", disse Liliam Sá.

Novas ações da CPI
As próximas ações da CPI ainda não foram definidas em virtude do recesso parlamentar. Após o retorno dos trabalhos na Câmara dos Deputados, que ocorre no dia 3 de fevereiro, haverá uma reunião entre os parlamentares que integram a comissão para planejamento.

Neste ano, a CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescente quer investigar o cerceamento de pessoas, supostamente feito por um segurança por Adail. "Queremos ouvir esse homem que estaria ameaçando as pessoas em Coari. Temos que esclarecer todos os fatos e inclusive a denúncia do Fantástico. Quando o programa mostrou esse novo caso, já tínhamos ouvido a vítima em sigilo", ressaltou a relatora.

O G1 solicitou esclarecimento do Tribunal de Justiça do Amazonas sobre o possível sumiço do processo de pedofilia, mas o posicionamento não foi encaminhado até a publicação desta reportagem. A assessoria de comunicação de Adail Pinheiro também não encaminhou esclarecimentos sobre as denúncias da Comissão Parlamentar.
fonte:G1 amazonas
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