A interferência do prefeito Arthur Virgilio Neto (PSDB), em
relação à greve “surpresa” dos motoristas do transporte coletivo que paralisou
a cidade por algumas horas na manhã desta quarta-feira (7), ganhou apoio e
críticas de alguns vereadores na Câmara Municipal de Manaus (CMM). O presidente
da Casa, vereador Bosco Saraiva (PSDB), ressaltou a entrevista do prefeito a
uma rádio local, onde disse que o gestor, mesmo estando fora de Manaus, não
deixa de resolver os problemas da cidade.
Na entrevista, segundo Bosco, o prefeito deixou claro que, se os
empresários não mantivessem o acordo, iria retirar o subsídio dado mensalmente
às empresas de ônibus envolvidas na greve, caso os ônibus não voltassem ao
sistema normal, e para que a população não fosse prejudicada colocaria os
alternativos para suprir a demanda da cidade. Além disso, o prefeito garantiu,
na entrevista, aos motoristas uma folha suplementar para repor o desconto em
seus vencimentos, por conta das faltas na greve passada. O desconto no
pagamento dos motoristas foi o principal motivo da greve desta quarta que
terminou por volta das 9h.
Elias Emanuel (PSB) e o presidente da Comissão de Transporte,
Viação e Obras Públicas (COMTVOP), vereador Rosivaldo Cordovil (PTN) também
consideraram a atitude do prefeito correta, que na ocasião criticou a
irresponsabilidade dos empresários. “Os empresários descumpriram o acordo com o
prefeito e agora retorna a greve novamente. O prefeito foi rígido e firme na
decisão diante dos empresários até falando que poderia suspender os subsídios,
caso os empresários não mantivessem o acordo”, acrescentou Cordovil.
Na mesma linha, o líder do prefeito na Casa, vereador Wilker
Barreto (PHS) também criticou os empresários pelo descumprimento do acordo com
o prefeito e disse ainda que os desrespeitos na cidade estão virando rotina –
se referindo ao descumprimento da Lei do Estacionamento fracionado nos
shoppings da cidade e ao descumprimento da Lei das filas nos bancos – “Como o
município deve tratar os irresponsáveis por desrespeitar acordo feito na mesa
com a cidade? Como os irresponsáveis vão explicar para as 150 mil pessoas sem
ônibus neste dia? Quem paga a conta é a sociedade, esquecem eles que o patrão é
o usuário”, disparou Wilker.
Não justifica uma greve pelo não cumprimento de um acordo, mas
quem está na ponta é a sociedade. Por isso apelo pelo cumprimento das leis,
assim começaremos avançar nas soluções”, disse Barreto.
Waldemir José (PT), que levantou a questão, defendeu o ato de
indignação da categoria por conta do descumprimento do acordo entre os
empresários e a Prefeitura, porém considerou a greve como um ato irresponsável.
“Se formos pegar toda a história das greves dos rodoviários, sempre haverá possibilidade
de todo esse teatro montado cair em cima da população e não podemos ficar
assistindo esse mesmo filme”, frisou o petista.
Para tentar resguardar a população dos prejuízos causados pelas
greves do transporte coletivo, Waldemir José defendeu o Projeto de Lei (PL), de
sua autoria, que pede liberação das catracas toda vez que a categoria entrar em
greve. O PL que tramita na Casa, desde o ano passado, se encontra na Comissão
de Finanças, Economia e Orçamentos (CFEO). “É preciso que esse projeto seja aprovado
para dar proteção aos usuários do transporte coletivo. Está diante desta Casa
criar essa regra para livrar a população desse importuno”, completou Waldemir.
Críticas
“Parece que a prefeitura está de braços cruzados, enquanto a
população faz filas e filas nas paradas de ônibus. É lamentável e humilhante a
população ficar a mercê desses empresários”, lamentou o vereador Massami Miki
(PSL), ao defender que o sistema de transporte coletivo precisa de um
planejamento estratégico para que o fato não volte a se repetir.
Mesmo aprovando a atitude acertada do prefeito, o vereador
professor Bibiano (PT) disse que a solução do problema está nas mãos do gestor
municipal, e que o prefeito precisa usar das prerrogativas para dar um basta na
questão. “O prefeito goza dessa prerrogativa e deve se fazer respeitar em
atitudes concretas”, observou Bibiano.
“A responsabilidade não pode ser atribuída somente aos
empresários, mas também a prefeitura. Está na hora dessa gestão mostrar e
retirar essas empresas de Manaus. São grupos que se formam e cada vez ficam
mais forte e acabam ditando as regras em nossa cidade”, disse o
parlamentar.
Texto: Valdete Araújo – DIRCOM/CMM
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